sábado, 17 de maio de 2014

Logo ali recuei até à infância, a arminda colou a mão na minha e de olhos arregalados, cismei, mas o que é isto? Boas-vindas calorosas demais para os meus gostos simples. Culto e almoço depois, seguimos viagem numa carrinha cinza com melhor aspecto e assentos mais suaves, num stand qualquer ainda valia uns trocos. O calor alentejano moeu-me os músculos e terminada a viagem, dei por mim a subir as escadas até um apartamento de luxo, placa de indução, terraços amplos, mobiliário requintado e moderno, uma paisagem verdejante numa primavera grávida de cheiros intensos, brisas amenas e muita luz, mas todo aquele cenário não comprava a minha liberdade. Eu sabia ao que ia, investigar e pular fora. Foi o que fiz, quinze dias depois, mas a experiência breve pareceu uma eternidade, sem nunca ter passado por big brothers e sucedâneos, sei de cor o que isso é, quanto custa em sacrifícios, e o que vale, nada, porque nos rouba energia, tudo, porque aprendemos que uma agenda onde deixamos os nossos pensamentos diários vale mais do que o mau uso que aqueles falsos pastores fazem dos textos mais sublimes da humanidade, a que damos o nome de Bíblia. Pois, é nestes dias assim José Saramago, que eu precisava de te ouvir dizer, " não digas que és uma jovem escritora, porque então eu terei que dizer que sou um velho escritor ". E eu humildemente, tinha-me apresentado como autora...mas tu fizeste com humildade, a ressalva. Há episódios inesquecíveis porque inesperados vivenciados com gratidão, principalmente porque o protagonista que tinha acabado de ser galardoado com o maior diploma literário a nivel planetário permanecia, igual a si mesmo, simples, genuíno e autêntico como as planícies alentejanas, as flores, as árvores e os bacorinhos.

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